O Yoga da Caxemira : uma arte tradicional, uma arte de escuta e sensibilidade
Esta prática de yoga provém da tradição não-dualista do Shivaísmo da Caxemira transmitida diretamente de mestre a discípulo até os dias atuais. O approach apresentado aqui é inspirado diretamente pelos ensinamentos de Eric Baret. Nós praticamos sem expectativas, para celebrar a vida e acolher simplesmente o que se apresenta: nosso corpo, nosso sentir, nossos pensamentos, nossas emoções, o entorno.
Nos colocamos à escuta do corpo.
O silêncio presente, e o yoga como exploração e abertura ao instante. Pode ser que, se praticados livres de intenção, estes "exercícios" façam ressonar seu silencio original, que não é mais que nossa natureza fundamental.
O corpo deve tornar-se inteiramente escuta.
A intensidade da percepção queima toda possibilidade de conceitualização. A percepção pura, sem pensamento, de instante em instante, livre de toda referência a um "si mesmo", vai tornar-se o coração e o eixo da vida do tantrika.
A posição (asana) nunca vai ser forçada até a "criação de um corpo sólido", ao contrário, ela para antes de toda e qualquer sensação de densidade corporal. A posição repousa no espaço, torna-se espaço e o espaço se funde na mesma.
O extraordinário desdobramento de imagens tácteis empregadas nesta tradição, estão presentes para levar o objeto percebido, o corpo, a deixar sua objetividade mais concreta. Através de uma transmutação sensorial, esta sensação de peso, de densidade, separação vai dar lugar à sutileza, leveza e transparência sem limites. Deixado livre de manipulação, este objeto vazio vai se reabsorver neste que o contempla. Sem mais nenhum objeto presente, o pseudo-sujeito não pode se manter. Sem sujeito e nem objeto, resta a vibração.
Segundo Abhinavagupta, o conhecimento pede uma não-memorização do passado, uma frieza afetiva. O movimento deve sempre ser presença, aparecendo e desaparecendo no instante. O olhar sobre a experiência sensorial como porta da experiência última, anuttara, é um aspecto essencial da contribuição do shivaísmo da caxemira.
Programação:
10h às 12h - Prática
PAUSA PARA ALMOÇO
14h às 16:00- Prática
30 minutos para possíveis esclarecimentos
ANA BERGAMASCHI é professora de yoga apaixonada, butoka e acima de tudo alguém que continua sempre pesquisando, pensando e experimentando estas matérias na relação direta com a vida. Começou seu caminho no yoga 11 anos atrás e vêm ensinando o yoga a 5 anos. Estudou Hatha Yoga Clássico com Pedro Kupfer e então participou de inúmeros workshops afim de afinar sua prática. Com grande interesse em filosofia, estudou Advaita Vedanta com a professora Glória Arieira e atualmente estuda O Shivaímo Tântrico da Caxemira diretamente com Eric Baret. Praticante do método Feldenkrais de educação somática desde 2008 e atualmente cursando o segundo ano de formação em Feldenkrais na Alemanha por meio da MBS Academy. As aulas de yoga têm um toque de todo o seu background e são profundamente influenciadas por certos mestres que cruzaram sua vida diretamente ou através de suas obras: Pedro Kupfer (Haha Yoga), Toshi Tanaka (Seitai Ho), José Maria Carvalho (Feldenkrais e butoh), Spinoza, Nietzsche e Deleuze (filosofia), Whitman, Lispector e Pessoa (poesia) e seu mestre de yoga tântrico da Caxemira, Eric Baret.